Power trio é um negócio que está associado à história do rock. Uma formação mínima – guitarra, baixo e bateria – a produzir um som conciso e poderoso.
É, mas, no Brasil, tem power trio no baião muito antes de – nos Estados Unidos e na Inglaterra – ter power trio no rock. Aliás, quando o rock ainda nem existia.
Falo, claro, da formação que Luiz Gonzaga consagrou quando, junto com Humberto Teixeira, inventou o baião. Sanfona, triângulo e zabumba. Simples assim.
Como comecei pelo Brasil, lembro que, lá na frente, já após os power trios do rock, há um grande power trio num grande disco de MPB, o primeiro de Jards Macalé.
O álbum é de 1972. Saiu pela Phonogram. Macalé canta suas canções, e a formação do power trio é Macalé ao violão, Lanny Gordin no baixo e Tuty Moreno na bateria.
Os Paralamas do Sucesso são, originalmente, um tremendo power trio. Aí já estamos nos anos 1980. Mas eles abriram mão do formato quando contrataram outros músicos.
Caetano Veloso também trabalhou com um power trio. Nos anos 2000, por quase uma década, fez rock e outras coisas mais com um grupo que chamou de Banda Cê.
Os Paralamas caíram na estrada num momento em que havia, na Inglaterra, um dos melhores power trios de toda a história do rock: The Police.
Sem The Police, não haveria Paralamas do Sucesso. Sting, o líder, cantava e fazia o baixo. Era tão maior do que o trio, que só ele brilhou depois que o grupo acabou.
Tem power trio pouco lembrado porque não gravou discos como power trio, nem saiu por aí em turnê. Mas, nós que ouvimos rock no começo dos anos 1970, não esquecemos.
Refiro-me à seguinte formação: John Lennon na guitarra, Klaus Voorman no baixo, Ringo Starr na bateria. Estão juntos no LP John Lennon/Plastic Ono Band.
Para mim, John Lennon/Plastic Ono Band é o melhor disco de um beatle depois dos Beatles. Ouçam I Found Out e sintam a força do trio John/Klaus/Ringo.
No rock progressivo, há dois power trios marcantes, cheios de virtuosismo: os britânicos Emerson, Lake and Palmer e os canadenses que formaram o Rush.
Não estão entre os que prefiro quando ouço rock progressivo. Coloquei no topo, e de lá nunca tirei, o Yes. Nada a ver com power trio, o Yes é um quinteto.
Há também os quartetos que, no fundo, são um power trio a acompanhar um cantor. Os mais importantes vieram da Inglaterra: The Who e Led Zeppelin.
Townshend, Entwistle e Moon tocam enquanto Roger Daltrey canta. Page, Jones e Bonham tocam enquanto Robert Plant canta. Daltrey e Plant, gigantes em cena.
Óbvio que a história do power trio de rock é muito mais extensa do que essas breves anotações que trago aqui na coluna desta quarta-feira, 13 de agosto de 2025.
Fecho com aqueles que considero os mais importantes power trios da história do rock. Atuaram a partir da Inglaterra, embora um deles fosse liderado por um americano.
Falo do Cream e do Jimi Hendrix Experience. Trouxeram invenção, muita invenção, à cena musical na qual estavam inseridos, na segunda metade da década de 1960.
Eric Clapton (guitarra), Jack Bruce (baixo), Ginger Baker (bateria) eram o Cream. Jimi Hendrix (guitarra), Noel Redding (baixo), Mitch Mitchel (bateria) eram The Jimi Hendrix Experience. Suas trajetórias, enquanto power trios, foram tão breves quanto imprescindíveis. Eric Clapton é o único sobrevivente.