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Woodstock e seus mortos

Foto/Reprodução.

A imagem é icônica. Sly & The Family Stone no festival de Woodstock, agosto de 1969. “I wanna take you higher – Eu quero deixar você doidão”, era o que ele cantava.

Sly Stone morreu nesta segunda-feira, 09 de junho de 2025, aos 82 anos. A causa da morte foram as complicações de uma doença pulmonar obstrutiva crônica.

Nascido Sylvester Stewart em Dallas, Texas, em 15 de março de 1943, Sly Stone tocava piano desde os sete anos, mas logo dominou a guitarra, o baixo e a bateria.

À frente do grupo Sly & The Family Stone, Sly foi um dos grandes nomes da soul music e um dos pioneiros do funk que os pretos dos Estados Unidos produziram.

Se você não conhece a música de Sly & The Family Stone, ouça Stand!, o álbum que o grupo lançou em 1969. Põe Sly e sua banda no topo da soul music.

A morte de Sly Stone me trouxe a lembrança dos mortos de Woodstock, o festival que melhor retratou a geração hippie, seus hábitos e, sobretudo, sua música.

Woodstock, o filme, e Woodstock, os discos, ajudam a entender o fenômeno. Com quatro horas de duração, o filme, em particular, é um documento de caráter sociológico.

Muita gente que passou pelo palco de Woodstock ainda está viva, como o guitarrista mexicano Carlos Santana, que segue gravando e se apresentando ao vivo, e a cantora americana Joan Baez, musa da canção de protesto e do folk nos anos 1960.

Mas a lista dos mortos não é pequena. A gente lembra logo dos que partiram cedo, como Jimi Hendrix e Janis Joplin. Ele e ela morreram em 1970, ambos aos 27 anos.

O quarteto britânico The Who se transformou numa dupla com as mortes do baterista Keith Moon, em 1978, e do baixista John Entwistle, em 2002.

O quarteto Crosby, Stills, Nash & Young agora só pode atuar como trio. Vindo dos Byrds, David Crosby morreu em janeiro de 2023. Tinha 81 anos.

O guitarrista britânico Alvin Lee, notável pela velocidade dos seus solos, morreu em 2013 aos 68 anos. Era líder do grupo Ten Years After, e sua performance, fazendo o rock I’m Going Home, é um dos momentos inesquecíveis do festival de Woodstock.

O cantor britânico Joe Cocker morreu em 2014 aos 70 anos. Espécie de cover branco de Ray Charles, Cocker, com sua voz rouca, explodiu em Woodstock cantando With a Little Help From My Friends. A versão dele é mehor do que o original dos Beatles.

Paul Butterfield cantava e tocava gaita. Ele estava à frente do grupo The Paul Butterfield Blues Band, que fundia blues com rock. O grupo não está no filme Woodstock, mas aparecece no álbum com Love March. Butterfield morreu em 1987.

Canned Heat fazendo Going Up The Country. A sequência reúne algumas das mais belas imagens do documentário Woodstock. Alan Wilson, fundador do Canned Heat, morreu em 1970, um ano após o festival. Tinha somente 27 anos.

Pouca gente lembra que Ravi Shankar tocou em Woodstock. A apresentação do músico não está no filme nem nos discos. Shankar, mestre indiano do sitar, trouxe a música do seu país para o Ocidente graças ao beatle George Harrison.

George Harrison inseriu o sitar e outros instrumentos indianos nos discos dos Beatles. De grande virtuosismo, Ravi Shankar teve vida longa. Morreu em 2012 aos 92 anos.

Jerry Garcia, do Grateful Dead. Tom Fogerty, do Creedence Clearwater Revival. O guitarrista de blues Johnny Winter. O cantor folk Tim Hardin e a cantora Melanie, inesquecível fazendo Beautiful People. Todos estão entre os mortos de Woodstock.

O grupo The Band não só tocou em Woodstock, mas morou em Woodstock. Seu show, no entanto, não está no filme Woodstock nem nos discos com a música do festival.

The Band fez ótimos discos e se notabilizou tocando em estúdios e palcos com Bob Dylan. No filme The Last Waltz, a despedida do grupo é vista por Martin Scorsese como o fim de uma era. Já estão todos mortos os cinco integrantes do The Band.